O PIX Não Combate a Sonegação e Fraudes Atingem o Governo
O PIX só
tem sentido para o governo se for para combater a sonegação, mas numa sociedade
corrupta isto dificilmente acontecerá. Vimos, no início do ano, a forte reação
da população e recuo do Governo por conta de fake News sobre este assunto. O
PIX nunca foi seguro e agora a imprensa começa a falar da insegurança e fraudes
do sistema.
É muito
caro manter a segurança de um sistema da dimensão PIX, razão pela qual a
insegurança do sistema aumenta, sendo hoje usado até pelo crime organizado. Se
o Banco Central não toma as medidas para evitar que organizações clandestinas
usem o sistema, o governo continuará pagando um preço alto por suas fraudes. O
governo não pode nem deve financiar fraudes.
Num país
onde os Bancos facilitam o roubo dos velhinhos da Previdência, ganhando
dinheiro com isto, demonstra que a fraude está institucionalizada no sistema
financeiro. Numa sociedade corrupta, que não aceita usar o PIX para o combate à
sonegação, não deve existir PIX para todos. Os de renda alta, grandes empresas
e organizações clandestinas devem pagar caro aos bancos e não ter PIX grátis.
Neste caso,
o governo tem que repensar o uso do PIX, como um sistema que beneficie a
população de baixa renda. servidores públicos e microempresas, como forma de
inclusão social. Além disto, o país não deve adotar tecnologias no mercado
financeiro, que não foram implementadas em economias mais avançadas, por temor
à falta de segurança delas. Está aí o exemplo do PIX e seria muito pior se o
DREX tivesse sido implementado.
O
Presidente Lula entra em contradição quando diz que o PIX é nosso, mas critica
o Banco Central por adotar uma política monetária com as maiores taxas de juros
do mundo. O PIX faz parte da política monetária do Banco Central e a população
de baixa renda, usuária do sistema, não é favorável aos lucros elevados das
empresas, em detrimento da pobreza, desemprego e desenvolvimento do país.
Para apoiar
o PIX ou outra moeda digital do Banco Central como o DREX, o governo estaria
justificadamente dizendo ao setor financeiro: precisamos controlar isto porque
seremos responsabilizados quando algo de errado. Não é isto que está
acontecendo. Temos que começar com o sofrimento dos velhinhos da previdência
roubados.
É preocupante
ler o que foi escrito pelo ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto,
afirmando que junto de “colegas economistas liberais” e de “líderes de grandes
projetos de tecnologia do Vale do Silício”
e do “mercado financeiro”, adotou “um olhar diferente”. Foi neste
contexto que surgiu o PIX e a agenda de tecnologia do Banco Central, que de
sustentável não existe nada.
Mas, o mais
assombroso é ele dizer que “os quadros do Banco Central comprovaram sua
capacidade de liderar um sistema moderno que serve de exemplo”. Qual o exemplo
dele? O mercado financeiro? Já foi dito
que a implementação de tecnologias inseguras num sistema financeiro é a
construção da rodovia monetária para o inferno.
O Brasil
deve avançar em projetos de tecnologias para a sociedade e não visando os
interesses do mercado financeiro. Mesmo que contemplem o mercado financeiro,
metodologias participativas de desenho e desenvolvimento devem ser adotadas, as
quais são rejeitadas pelo Vale do Silício e pela avareza das grandes
corporações.
O governo
deve entender que qualquer tecnologia tem que ser vista numa perspectiva de
sujeição humana. Falhas institucionais do passado, principalmente do modelo ultraliberal falido, são hoje
repassadas para a tecnologia, que visa o poder absolutista, a dominação e sujeição.
Como muitos
outros, o PIX foi um modelo desenhando pela extrema-direita e implementado no
governo Bolsonaro similar aos modelos usados nas fake-news, desinformação, liberdade de expressão,
discurso do ódio, entre outras situações
sinistras, a exemplo de quase um milhão de mortes na Pandemia da COVID-19.
Vale
lembrar que não existe tecnologia neutra e quanto mais a conhecemos, mais nos
deparamos com loucuras. Estamos vendo aí o temor de tecnologias como a
inteligência artificial, como o maior projeto de sujeição humana, construída
por técnicos do Vale do Silício, fora de um modelo de desenho e desenvolvimento
participativo.
Todas
aquelas centenas de bilhões de dólares, que deveriam ter sido destinadas ao
aumento dos salários dos trabalhadores para pelo menos acompanhar a inflação,
foram desviadas para um poço de dinheiro, que desaparecerá sem que tenhamos
praticamente nada para mostrar pelo esforço deles.
Precisamos
não só de tecnologias similares ao PIX, mas de outras tecnologias desenhadas,
desenvolvidas e implementadas dentro de um modelo participativo, que defenda
uma governança baseada nos princípios da ONU, nos direitos humanos e na
diversidade, rejeitando a concentração de poder em grandes plataformas.
O PIX deu
credibilidade ao Banco Central pela sua usabilidade e inclusão social, mas a
perda do governo e da sociedade é grande com a insegurança e fraudes do sistema,
que precisa ser melhor avaliado.
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